As Big Techs vivem sob constante escrutínio regulatório, especialmente nos dois maiores polos econômicos do Ocidente. Cicero Viana Filho evidencia que a rivalidade entre as regulamentações nos Estados Unidos e na Europa cria não apenas desafios para essas empresas, mas também consequências para o cenário global. Enquanto a União Europeia adota uma postura mais rígida, os EUA buscam equilibrar inovação e controle, o que gera um ambiente de competição regulatória que influencia diretamente a estratégia das gigantes da tecnologia.
Por que a União Europeia adota uma postura mais rigorosa?
A União Europeia é conhecida por sua abordagem mais restritiva em relação às práticas das Big Techs. O bloco prioriza a proteção de dados, a privacidade dos cidadãos e a limitação do poder de mercado das grandes plataformas digitais. Leis como o GDPR (Regulamento Geral de Proteção de Dados) e o DMA (Digital Markets Act) exemplificam essa postura, impondo exigências detalhadas sobre transparência e controle de informações.
Segundo Cicero Viana Filho, a Europa entende que limitar abusos de poder e proteger consumidores fortalece o equilíbrio do mercado. Essa visão, embora positiva para a sociedade, pode representar custos elevados e barreiras de entrada para empresas que atuam no continente.
Como os Estados Unidos regulam as Big Techs?
Nos Estados Unidos, a abordagem é distinta. A prioridade do governo norte-americano é preservar a capacidade de inovação das empresas, evitando intervenções que possam frear a competitividade global de suas companhias de tecnologia. Apesar disso, cresce a pressão interna para controlar práticas consideradas monopolistas, como as que envolvem plataformas de busca, redes sociais e serviços de publicidade digital.
De acordo com Cicero Viana Filho, os EUA tendem a adotar regulações mais específicas e menos abrangentes do que as europeias. Essa diferença cria um ambiente mais flexível para as Big Techs, mas também gera críticas sobre falta de proteção adequada aos consumidores e ao mercado.

Quais são os principais pontos de divergência regulatória?
A divergência entre EUA e Europa está concentrada em três áreas principais: proteção de dados, poder de mercado e responsabilidade sobre conteúdos online. Enquanto os europeus exigem transparência total e aplicam multas pesadas por violações, os americanos ainda permitem maior liberdade operacional às plataformas, acreditando que o mercado deve se autorregular em grande parte.
Cicero Viana Filho explica que essa diferença de visões cria um cenário em que as Big Techs precisam adaptar suas práticas a diferentes legislações, o que aumenta a complexidade e os custos de conformidade em escala global.
O futuro será de harmonização ou fragmentação regulatória?
A rivalidade regulatória impacta diretamente a competitividade global das empresas de tecnologia. As Big Techs precisam investir em departamentos jurídicos robustos e em soluções tecnológicas específicas para atender simultaneamente às exigências de cada mercado. Isso pode reduzir margens de lucro e dificultar a expansão em determinados países.
Para Cicero Viana Filho, empresas que conseguem se adaptar de forma rápida às regulamentações diversas mantêm sua posição de liderança, mas aquelas que falham nesse processo arriscam perder espaço para concorrentes regionais mais alinhados às normas locais. O futuro do cenário regulatório ainda é incerto. De um lado, há pressões para criar normas globais que reduzam a complexidade e promovam maior cooperação internacional.
De outro, a tendência atual aponta para maior fragmentação, com cada região adotando regras próprias e forçando as Big Techs a lidar com uma diversidade de exigências. O desafio será encontrar um ponto de equilíbrio que permita proteger consumidores sem comprometer a inovação. Empresas que anteciparem essas mudanças e investirem em conformidade regulatória estarão em posição de destaque.
Autor: Altimann Brecht